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COROACY [ST-K01]
(Krait Phantom)
 
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Um chamado Tecnológico

Data Solar 3307-06-01 14:36

Era minha terceira semana em Formidine Rift. Eu já havia catalogado um bom apanhado de sistemas e até feito algumas descobertas interessantes, de planetas primitivos com um largo potencial de terraformação, mas nenhum contato com vida inteligente ou mesmo com outros comandantes. Até as comunicações com a Quitéria estavam silenciosas, o que me fazia pensar se Jessa e o restante da tripulação estavam mesmo bem.

Ocasionalmente eu enviava um ping de localização para eles, recebendo resposta depois de algumas horas, dada a distância que a transferência tinha de percorrer, mas até aí, sem novidades alarmantes. Sempre alguma informação sobre compras de trítio, lucros diários ou incidentes pequenos que eram sublinhados por Jessa como "SEM RELEVÂNCIA", mas ainda assim, enviados em seu relatório pontualmente.

Em meio à uma dessas comunicações com o porta-frotas, recebi uma retransmissão de mensagem muito interessante. Um comunicado de uma tal de Domino Green, que convidava comandantes exploradores como eu, a visitá-la em uma estação remota chamada The Jackrabbit, no sistema Orisihis. A mensagem dizia algo sobre ela ter desenvolvido uma tecnologia de trajes reforçados para caminhadas em atmosferas hostis, que "permitiriam ao mais ignóbil dos exploradores, passear com segurança por períodos relativamente extensos, sem o auxílio de um SRV".

Bastava que eu fosse ao seu encontro, parando antes em uma das lojas da Pioneer Supplies para comprar alguns modelos de traje em que ela pudesse trabalhar! Era uma proposta tentadora.

É lógico que fiquei intrigado e agora, enquanto escrevo esta mensagem, o computador de bordo está ocupado, traçando uma rota que me permita chegar lá no menor tempo possível. Eu sei que não deveria adiar meus planos de exploração por tanto tempo assim e, dar para trás na primeira oportunidade de pôr as mãos em novas tecnologias que aparecem, mas se isso for facilitar a minha vida para encontrar novas informações sobre a Galáxia e seus antigos habitantes, então eu retrocederei um pouco e irei até os sistemas natais em busca dessa engenheira e da tecnologia que ela irá me disponibilizar.

Formidine Rift

Data Solar 3307-05-19 11:31

Eu estive entediado por alguns dias após a instalação dos novos upgrades em meu motor de distorção. Verificações de rotina, algumas missões especiais para os Fednecks, uma ou outrra carga que levei a bordo da Katyusha...

A coisa mais digna de nota, para fazer um resumo desses últimos dias, talvez seja a aquisação do Porta-Frotas, que comprei depois de cumprir uma árdua agenda de negócios em Rana. O nave gigantesca é deslumbrante, um pouco trabalhosa de se manter, eu admito, mas ainda assim, deslumbrante. É incrível ver toda aquela combinação de propulsores, sistemas de suporte à vida, sensores, blindagem e armas desfilando por aí. É como se eu tivesse minha própria estação.

Não posso deixar de mencionar a capitã que contratei, um tipo interessante essa Jessa Campos. Cabelo cortado ao estilo militar, voz calma, caráter íntegro até onde sei e uma tenacidade que faz até mesmo minha Type-10 parecer mole. Ela tem deixado as coisas em ordem na minha nau, que decidi nomear de Maria Quitéria, uma singela homenagem à uma antiga heroína da Terra, nascida nas terras do recém-formado à época, Império Brasileiro.

Uma mulher incrível, Maria Quitéria, disfarçou-se de homem para lutar contra os colonialistas Portugueses, numa época em que não era permitido às mulheres, lutar numa guerra. Realmente, nossos antepassados não tinham nenhuma noção do que era ou não proveitoso em conceitos de estratégia. Só nesses meus poucos anos de vida, vi mulheres que tinham mais força de vontade e firmeza no combate, que o próprio Sagittarius A* tem de zona de exclusão.

Estou arrumando as malas. Vou partir para uma zona inexplorada da Galáxia, de que ouvi falar nos registros de um antigo astrônomo, Formidine Rift. Pretendo passar uns dias explorando essa zona escura, nas bordas da Via Láctea, para depois ir para a zona vizinha, The Errant Marches e depois de mapear alguns setores por ali, ir para Aquila's Halo. De lá, talvez eu faça uma visita ao Mel em Colônia, mas não tenho certeza, o futuro, só os antigos Deuses da Terra é quem sabem como vai ser.

O brinquedo novo

Data Solar 3307-04-30 07:41

Conforme fui orientado por Sydnee, passei dois dias curtindo um pouco as facilidades de se estar em uma Coriolis bem abastecida de suprimentos e caras novas para bater papo e pescar conversas alheias nos bares. Rumores são sempre bem vindos no nosso ramo, esse de caçadores de tesouros espaciais. Senti saudades do território Imperial, enquanto tomava um café e observava o noticiário num telão comunitário da Galnet. Achenar estava resistindo, mesmo com a intensa disputa entre os poderes dos Duval e do Senado. O Império era maior que toda aquela intriga, afinal. A principal notícia era sobre a ligação de Hadrian Duval com os neo-marlinistas. Era impressionante o quanto as pessoas podiam decair em busca de poder. Qualquer cidadão do império que se preze, não desconfiaria dessa notícia. Esse moleque mimado seria capaz de qualquer coisa para tirar a gloriosa Arissa do Poder. Meu café acabou, bem como o noticiário e eu fui até a plataforma onde a Endurance estava. Cheguei a tempo de encontrar Sydnee saindo de mais um turno de manutenção. Ela passou por mim apressada sem dizer nada, só depois que entrei na nave para um breve descanso, é que recebi uma mensagem dela no comunicador:

“Terminei toda a instalação, mas não tenho tempo para conversa. A Aegis encontrou algumas coisas e me chamaram para Delphi, vou viajar para auxiliar na pesquisa. Boa sorte com esse novo brinquedo. Ah... Não vá longe demais, sem uma ou duas AFMU’s. Essa belezinha é bem delicada e eu sei que você gosta de voar que nem um porco cego. Um abraço”

Sydnee não mudara nada nesses últimos anos, a mesma correria de sempre. Terminei de ler a mensagem e adormeci com um sorriso no rosto, pensando na quantidade de saltos que faria com o novo módulo e os milhares de sistema que poderia ver por aí.

Um drink para Sydnee

Data Solar 3307-04-28 08:40

Ray Orbital era uma estação que poderia facilmente se enquadrar nos modelos de cidade humana do segundo milênio. Tinha suas partes boas e bonitas, destinadas aos visitantes, comerciantes e militares que ali faziam parada, assim como tinha seus guetos, cantos obscuros e passagens que só o pessoal da operação e da limpeza conheciam. Era nesses cantos obscuros de passagens estreitas e checagens de acesso que só quem tinha "os macetes" da estação conseguia entrar, que Sydnee ficava na maior parte do tempo.

Outrora líder de um subgrupo de pesquisa da importante Aegis Researchs, Sydnee Mathews fora expulsa da corporação por conta de suas pesquisas de ética duvidosa. Oficialmente, ela estava desligada da Aegis, mas todos sabiam que extra-oficialmente, seus antigos patrões continuavam lhe financiando e consultando seus resultados de tempos em tempos. Sydnee operava por sua conta e risco no ramo de aquisição, indexação e desencritptação de dados e artefatos alienígenas. Era ela uma das muitas pessoas que faziam com que a Aegis apresentasse resultados fabulosos sem que os conselhos de ética dos sistemas onde a corporação atuava, pegassem no pé dos figurões.

Passei por alguns mecânicos e agentes de monitoramento, bem como pessoas que cuidavam da limpeza e da manutenção básica da estação, todos eles muito atentos ao meu jeito de andar, ao meu traje e com scanners prontamente posicionados para proteger o submundo de Ray Orbital, a jóia de Diaguandri. Depois de uns 10 minutos de caminhada para longe das docas, cheguei ao Torto Biônico, o bar irregular que era mantido por esse "pequeno sindicato do crime".

— Olá! — Eu disse ao barman.

— Comandante. É uma honra recebê-lo aqui. — Retorquiu com uma acento debochado na "honra", uma vez que ambos sabíamos que não havia muita honra nesses lugares.

— Eu gostaria de uma bebida. Um dos seus destilados mais fortes. Um para mim e outro para minha amiga Syd, ela já deve estar para chegar.

Esse era o código para que chamassem Sydnee em seu laboratório, um dos destilados mais fortes, um para si e outro para ela. Era um teste curioso esse que Sydnee fazia. Ela enrolava durante um período de tempo aleatório em seu laboratório. Se fosse sua primeira vez, ela não se importava se você começasse a beber sozinho, mas de uma segunda vez, ela já o teria advertido da descortesia e então observaria de longe se quem a chamava era conhecido e se já havia bebido seu drink. Em caso de ver um copo vazio, não aparecia. Era desconfiada e esse era um sinal que pedia quando algo poderia estar errado.

Não demorou muito e ela apareceu.

— Antony, você por aqui. Quanto tempo, meu caro.

— Oi, Syd. — Respondi — Trouxe alguns bibelôs pra você.

O sorriso que se estampou em seu roto era agora tão brilhante quanto a própria estrela-cão. Era até animador ver a felicidade assim, tão pura no rosto de uma obcecada.

— O que você trouxe? E eu presumo que você quer algo em troca, estou certa?

— Ah, claro... Nessa Galáxia de meu Deus, quem não quer alguma coisa depois de QUASE MORRER por conta dessas anotações malucas que seus colegas deixam perdidas por aí? — Gesticulei enquanto falava, simulando indignação — Visitei umas tais estruturas Guardian e trouxe esses materiais aqui. — Disse mostrando a ela uma listagem em meu pad de dados pessoal.

Seu rosto se flexionou em outra caratonha engraçada, ela sorria e achava graça em meu pequeno acesso de raiva. Entornou o drink de uma só, o que era claramente um convite para que eu fizesse o mesmo. Voltou seu olhar para o copo, o que significava que ela estava pensando em como retirar a carga da minha nave e como colocar lá dentro o que eu queria.

— Amanhã, Sieg, vai haver uma inspeção do sistema de energia das docas e a vigilância vai ficar relaxada. Vou levar o Big Cleber e o Robinho pra ajudar, habilite meu acesso novamente na Endurance e vá para um passeio pela zona nobre da estação. Esqueça por um dia ou dois a sua nave e eu prometo que quando voltar, ela vai pular mais do que as pulgas amestradas dos antigos titereiros da Terra.

— O que diabos é um titereiro? E o que você vai me dar?

— Bem, recomendo que seu passeio seja dedicado a um terminal de dados, vá ler um pouco e pesquise sobre, eu sei que você gosta de leituras. Sobre seu pagamento, vou instalar um sistema Guardian derivado dessas peças que você encontrou. Os dados que você trouxe podem render mais coisas, mas isso leva tempo então eu vou garantir a injeção Guardian no seu Motor de Distorção e depois que acabar, me debruço sobre o resto das suas quinquilharias. Obviamente vou compartilhar os resultados com meus amigos e espero que não se oponha.

— De maneira alguma.

— Então é isso. Me pague outro drink, hoje terei bastante trabalho para preparar a implantação e preciso ficar acordada.

— Você continua uma aproveitadorazinha! — Respondi sorridente.

— E você continua precisando dos meus serviços.

Ataque de Piratas

Data Solar 3307-04-22 10:46

Depois que saí do bendito planeta com as estruturas ancestrais dos Guardian, passei um tempo curtindo a solidão do espaço e lendo algumas coisas para me distrair. Eu não tinha pressa e não queria causar alvoroço na comunidade, chegando com tantos dados e tantas perguntas. Tinha que ser sutil e evitar atrair atenção ao máximo.

Felizmente, meu contato em Diaguandri era uma pessoa discreta e cobrava uma taxinha módica por seus serviços. Ela conseguiria destrinchar o bloco de dados de forma rápida e eficaz. Se tudo desse certo, eu teria os planos para a construção e incorporação dessa tecnologia guardian, ainda no mesmo dia. Era empolgante imaginar o potencial de toda essa coisa, de como as naves poderiam ser melhoradas e as distâncias encurtadas se os planos fossem mesmo reais e a adaptação bem sucedida.

Naveguei ao redor de mais uma estrela, coletando combustível e pensando em milhares de possibilidades. Uma voltinha distraída, como eu costumava dizer. Os sensores estavam calmos, a Amelia E. respondia bem aos comandos, tudo estava na santa paz. Estava.

Dois alertas de proximidade começaram a piscar de forma intermitente e logo uma mensagem despontou em meu comunicador: "Coé chefia. A carga tá muito interessante né? Passa pra gente e você sai vivo."

Pronto, estava armado o circo. Eu não podia deixar esses planos Guardian caírem nas mãos desses piratinhas mequetrefes, mas não tinha armas para revidar. A solução ia ser adotar a tática mais básica de todo guerreiro que sabe que está em desvantagem. CORRER.

Acelerei os motores e a Amelia E. rugiu em resposta aos meus comandos. Ela não conseguia acelerar ao máximo de sua potência por conta de algumas regulagens que eu fiz, visando estender seu alcance de salto. Sacrificava a velocidade padrão em favor da velocidade de viagem de cruzeiro, mas até aí tudo bem. Eu só precisava mascarar meus rastros e rezar para que eles não me interceptassem em minha viagem de cruzeiro. Só precisaria ficar ali mais alguns minutos e então saltaria para os domínios de outra estrela, tornando o rastreio impossível.

Guinei para aproveitar a gravidade da estrela e realizar um estilingue que me jogasse mais longe, a nave começou a trepidar mas aguentou bem. Senti a força da aceleração pressionando meu sangue e por alguns momentos as veias de todo meu corpo pareciam querer explodir. Eu teria sorte se não tivesse um derrame, ou a necessidade de visitar um protético para substituir meus pés que com certeza gangrenariam se eu passasse muito tempo entre aceleradas e frenagens bruscas.

Por sorte, trinta segundos depois a bendita modificação feita pela Felicity deu a partida no meu Motor de Distorção e a Amelia E. começou o processo de salto para a próxima estrela. O perigo estava ficando pra trás, pelo menos dessa vez.

Dados irregulares, análise incompreensível

Data Solar: 3307-04-20 - 14:00

As últimas sentinelas caíram, como as outras antes delas. Eu estava cansado, extremamente cansado. Combate de superfície é uma coisa que, pelos deuses, só pode ser definida como loucura. Como imaginar que nossos ancestrais se digladiavam dessa forma bárbara e imbecil por pedaços de terra com menos recursos que um asteroide dos mais pobres? Não, para mim é inconcebível, dias a fio preso numa trincheira, cheia de lama e tendo que fazer as refeições e as necessidades no mesmo ambiente? Inconcebível. Podem me chamar de fresco, mas o combate espacial foi uma evolução necessária.

O painel estava à mostra, entregue aos caprichos do meu scanner e pronto para ser hackeado. Conectei a interface do VRS e comecei uma varredura por blocos de código que pudessem conter qualquer informação útil, agrupada em padrões compreensíveis. Nada que eu pudesse reconhecer apareceu na tela, deixei o computador trabalhando e acionei a Amelia E..

Uma das coisas que mais me enche a vista nessa vida de explorador espacial, é assistir uma Anaconda em processo de reentrada atmosférico. Não importa quantas vezes eu veja, ainda me admiro com o progresso maravilhoso que a tecnologia humana fez nesses séculos que se passaram entre o lançamento da primeira Vostok e os dias de hoje. Nosso potencial é imenso, mas nada que um empurrãozinho desses tais "Guardians" não possa melhorar.

O computador de bordo do VRS sinalizou uma descoberta e então encerrou a varredura do terminal. Acreditei que o arquivo tenha sido validado. Provavelmente não havia mais nada lá, mas fiz outra varredura apenas por desencargo de consciência e o mesmo sinal, no bloco final do arquivo foi encontrado. Pedi o download dos dados e então subi a bordo do veículo para iniciar o encontro com a nave.

Lá estava ela, a uns poucos quilômetros do assentamento, pairando no ar e tentando encontrar um local adequado para pouso na superfície irregular desse planeta esquecido pelos seus antigos donos. Não parecia que ia encontrar um ponto de pouso tão cedo então solicitei um novo ponto de encontro, dois quilômetros à frente. Com a velocidade básica do VRS, eu demoraria mais algumas horas para sair desse fim de mundo, mas tudo bem. Eu tinha o objeto da busca em meus discos, um monte de dados irregulares que na minha análise eram incompreensíveis. Era hora de procurar um expert em tecnologia antiga e eu conhecia o cara certo, era só voar até Diaguandri.

Uma questão de tempo

Data Solar: 3307-04-19 - 10:27

Estive preso entre dois pilares por mais tempo do que consigo me lmebrar. Deve ter sido só por algumas horas, mas pareceu uma eternidade sem fim. Einstein dizia que por a mão no forno por cinco segundos faria com que esse breve momento parecesse cinco anos, é acho que a relatividade se aplica aqui também.

Consegui sintetizar mais munição e ataquei as sentinelas restantes, sempre usando a cobertura das velhas paredes como escudo. Por fim, achei alguns pilones de energia que demorei um tempo para compreender como funcionavam. A ideia por trás da tecnologia Guardian era mais simples do que eu pensava, mas enquanto eu esquentava meus neurônios, num perfeito overclock mental, sem querer disparei na estrutura e o cristal em seu interior reagiu. Não sei se a reação foi desencadeada pela energia térmica ou cinética do projétil, mas sei que funcionou e logo eu estava atirando feito um louco na estrutura.

Quando ela acendeu, uma mensagem foi recebida pelo computador do meu VRS, uma espécie de contagem regressiva em uma sequência que parecia ser numérica, mas que para mim era desconhecida. O painel piscava e eu comecei a correr mais do que achava que devia, naquele terreno acidentado, procurando o esquema do módulo que sabia estar ali, antes que aquela coisa toda fosse pelos ares. Achei mais dois pilones e passei fogo neles. A contagem parou de piscar em amarelo e começou a piscar num verde mais tranquilizante. Aparentemente os Guardian também tinham noções de cores e seus significados relativos à consciência. Sorte a minha.

O diabo é que apesar de ter três pilones ativos, eu não conseguia localizar mais nada. A contagem voltou a ficar amarela e o suor me escorria pela testa. Localizei mais um e logo outro tremor de terra me indicou que mais dois haviam ascendido no corredor principal da estrutura. Corri e duas salvas de tiro depois, ouvi uma comunicação naquela língua estranha e completamente incompreensível. O que parecia um terminal de dados, estava ativo à minha frente. Agora, como hackear essa coisa, era outra tarefa que eu precisaria descobrir, mas me empenharia nisso somente depois de cuidar das sentinelas que apareceram junto com a ativação do painel de dados.

As Estruturas Guardian

Data Solar: 3307-04-18 13:12

Estive voando por horas sem conta. No espaço, a solidão é relativa, porem é muito palpável com todo esse silêncio desolador e quase profano que me faz questionar a sanidade a todo momento. As perguntas ficam martelando em minha cabeça e eu as espanto, mas no fim, sempre sobra aquela dúvida que resiste a todo treinamento mental: Quem realmente se mantém são quando uma pedra do tamanho de um a montanha flutua em sua direção obedecendo órbitas que só Deus sabe quais são?

Sintonizei meus receptores para ouvir a Skvortsov e continuei seguindo o curso traçado para o sistema HD 63154. As escrituras falam de antigas tecnologias que excedem em muito o potencial dos Motores de Distorção humanos. Existem diagramas fixados e esquemas de como integrar a tecnologia aos motores atuais, tudo parece muito interessante no projeto e os resultados anotados por um tal de James Epstein parecem fenomenais, mas eu sou desconfiado e não confio inteiramente nesse livro. Quem confiaria em um livro? Um artefato interessante e importante, é claro, mas totalmente defasado. Por que esse tal Epstein não registrou seus testes em computadores como todo mundo? O que ele temia, ou o que o impedia de manter a tecnologia a salvo em dados criptografados e devidamente backupeados numa nuvem privada? Isso é só uma das coisas que pretendo descobrir ao visitar essas tais Estruturas Guardian.


A descida no planeta foi tranquila, porém a superfície montanhosa tornou a tarefa de pouso quase impossível. Depois de horas procurando por um lugar relativamente plano e extenso para os padrões da Amelia E., eu encontrei um que fosse próximo o suficiente das estruturas e me poupasse de uma longa aventura em solo. Já teria aventura demais nas paredes antigas, não queria arriscar acidentes de VRS ou fissuras no terreno que me fizessem cair em abismos ainda mais insondáveis que esse planeta esquecido por Deus.

O Scarab passou em todos os testes preliminares e desceu suavemente. A gravidade não era das melhores, mas serviu aos propósitos e segurou bem o VRS sem limitar seus movimentos. Chequei mais uma vez o combustível e a munição, dessa vez, a olho nu (sim, eu continuo desconfiado. O melhor remédio é a prevenção) e constatei que estavam em seus níveis padrão. Acelerei e saí da Amelia. Estava pronto para começar a brincar de Indiana Jones (eu adoro filmes do século XX).

Subi as montanhas com esforço, direcionando toda potência para o motor, o terreno íngreme onde esses malditos alienígenas esculpiram suas bases não era nada convidativo pra quem vem de baixo. Talvez temessem algo no próprio planeta? Fica a questão. Com esforço, vi o topo e logo toda a glória passada dos primeiros seres sencientes não-humanos de que eu já ouvira falar, se descortinava diante de mim. Eram pilares sólidos de uma espécie de amálgama de metal e pedra que se confundiam mutuamente, excluindode cogitação qualquer análise imediata que eu pudesse fazer para classificá-los. Localizei alguns itens que lembravam sarcófagos e tabuletas escaneei e deixei-os em repouso, não era meu objetivo fazer arqueologia de museu, para expor a glória da morte de uma civilização em nossas casas de entrenimento, eu queria mesmo eram os dados e os materiais que eu sabia estarem ali. Epstein, seu safado, suas anotações foram muito precisas. Como ninguém as encontrou antes? Será que ninguém mais nesse universo, gosta de livros antigos?

Uma nuvem de poeira foi captada pelo VRS e em seguida, pela minha visão periférica. A princípio, pensei se tratar de um fenômeno planetário, mas o disparo que veio em sequência, me tirou da ilusão de que seria um trabalho fácil. Um drone gigantesco disparava loucamente contra mim e fazia com que meu mostrador de escudo trabalhasse freneticamente, mostrando novos números a cada disparo absorvido. A cachorrada ia começar...

O valor de um homem

Data Solar 3307-04-17 14:18 O que define um homem? Sua glória, o reconhecimento proporcionado pelos outros, a fama advinda de façanhas que ele sequer pensou que lhe renderiam notoriedade enquanto as desempenhava? Não sei... Não sei de verdade o que define um homem, mas com certeza, eu não posso ser definido pelo que os outros pensam de mim.

Acabei chegando perto do meu objetivo, falta só uma patente para obter o reconhecimento que eu desejava da Marinha Imperial, mas noite passada eu tive um lampejo estranho, uma curiosidade por coisas que nunca tive antes. Senti que deveria ler e foi o que fiz. Peguei alguns registros na biblioteca digital em Hickham Survey e comecei a devorá-los enquanto tomava uma cerveja e comia restos de uma pizza que nem me lembro quando havia preparado. O conteúdo era fascinante e logo eu me vi na biblioteca física dessa mesma estação, procurando por coisas não digitalizadas.

É estranho o conceito que eles tem por aqui de armazenar livros físicos, mas parece que é uma característica dessa gente, parece que a redundância eletrônica nunca é o suficiente para eles.

O livro que peguei, trazia mapas estelares bem antigos consigo, destacando uma rota especial com um desenho bem peculiar: Homenzinhos Cinzentos, tal e qual a humanidade imaginava que os aliens eram em seus primeiros anos de especulação espacial.

Bem, eu preciso de uma folga. Essa rota é perfeitamente executável e eu estou me sentindo com sorte. Vamos ver no que dá.

Aspirações Militares

Data Solar 3307-04-16 00:44

No tempo que eu era um garoto, passeando pelos jardins suburbanos em meu sistema natal, Achenar, havia uma frase que meu velho pai sempre gostou de repetir: "Só a luta, muda a vida!".

Hoje, em uma missão importante, estou ainda mais certo de que meu velho pai tinha razão em tudo o que dizia. "Só alguns piratas", meu oficial superior me disse, "só alguns piratas...".

As frases ficam martelando em minha cabeça e, convicto de que ceifar essas vidas vão me conceder a patente que tanto aspiro, acelero minha Krait MK II mais uma vez, rumo aos pontos de extração em Mainani, para livrar o Império dessa escória de bandidos nojenta.